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Avanços trabalhistas exigem responsabilidade, não atalhos

Este é um desafio que se resolve com investimentos em educação, em qualificação, em inovação

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Nós, mineiros, somos conhecidos por não fazer nada com pressa. Gostamos de pensar bem antes de tomar uma decisão. É da nossa natureza avaliar, pesar prós e contras, olhar o terreno antes de dar o primeiro o. E é justamente esse espírito de cautela e sabedoria que deve nos guiar agora, diante da proposta de alteração da jornada de trabalho prevista na PEC 8/2025.


O texto que está em debate no Senado Federal propõe mudar o regime da escala 6x1, fato que pode afetar profundamente a rotina de empresas, cooperativas e, principalmente, dos trabalhadores. Os defensores dessa alteração imaginam uma melhoria na qualidade de vida dos profissionais, que trabalhariam menos e ganhariam o mesmo que antes. Há quem diga que seriam abertos novos postos de trabalho para suprir a lacuna deixada por esses trabalhadores. Será?


Recentemente, participei de um debate com representantes de diversos setores produtivos mineiros, onde foi apresentado um estudo que merece atenção. Segundo estudo da Federação da Indústria de Minas Gerais (Fiemg), a aprovação da PEC, da forma como está, pode causar a perda de até 18 milhões de empregos, reduzir em até 16% o PIB do nosso país e provocar um impacto bilionário no faturamento das empresas, nos salários e na arrecadação de impostos.


Diante disso, me pergunto: será que estamos mesmo prontos para essa mudança? Será que é justo com o Brasil – especialmente com os jovens que ainda buscam seu espaço no mercado – adotar medidas que podem gerar mais desemprego e intensificar o atual processo de precarização das relações trabalhistas? Os empregadores têm condições de gerar mais empregos sem ganho de produtividade, especialmente considerando a quantidade de impostos incidentes sobre a folha trabalhista?


Não é segredo que nosso país enfrenta sérios desafios estruturais. Dados do International Institute for Management Development (IMD) mostram que o Brasil ocupa a 62ª posição entre 67 países no ranking de produtividade. Este é um desafio que se resolve com investimentos em educação, em qualificação, em inovação – não com leis que nascem desconsiderando a realidade de quem produz.


No cooperativismo mineiro, temos mais de 60 mil trabalhadores e mais de 3,5 milhões de cooperados, espalhados por todos os cantos de Minas, do campo à cidade. Sabemos, como ninguém, que diálogo, equilíbrio e responsabilidade são ingredientes indispensáveis para qualquer mudança verdadeira.


Portanto, deixo aqui um apelo: que o debate sobre a PEC 8/2025 seja feito com serenidade, ouvindo todos os lados, respeitando a realidade brasileira e apostando no que realmente transforma a vida das pessoas: educação de qualidade, trabalho digno e uma economia forte. Afinal, como bons mineiros, sabemos que pressa e sabedoria não costumam andar juntas.

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