Em Minas entrevista a primeira comandante da história do CBMMG
Durante a conversa com o jornalista Benny Cohen, Jordana Filgueiras explicou como pretende conduzir sua liderança perante a tropa
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Siga noCom um estilo de liderança definido como firme, mas aberto ao diálogo, Jordana Filgueiras, a primeira mulher a assumir o cargo de comandante-geral nos 113 anos de história do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), chega ao posto em um momento delicado para a corporação.
Além dos desafios extremos que se tornaram rotina para os bombeiros, como seca e incêndios, a tropa, junto com os policiais, tem expressado insatisfação com os soldos e cobrado do governo Zema a recomposição das perdas salariais e a implementação do auxílio-alimentação.
Em entrevista ao "Em Minas", que foi ao ar na noite de ontem na TV Alterosa e está disponível no canal do YouTube do Portal Uai, a comandante-geral compartilhou detalhes sobre sua trajetória e como pretende enfrentar esses desafios. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
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Recentemente, a senhora afirmou ao Estado de Minas que as mulheres podem ocupar os espaços que desejarem. O que ainda falta para que isso aconteça?
Eu acredito que estamos vivendo uma mudança na sociedade. Existe uma evolução para que possamos ocupar esses espaços, mas também é necessário que saibamos nos posicionar. Para alcançá-los, acredito que precisamos de condições de igualdade e respeito. (...) Não tenho dúvida de que já estamos vivendo uma evolução enquanto sociedade, e eu sou uma prova disso. O fato de termos, pela primeira vez, uma mulher comandando uma instituição militar tão tradicional e referenciada, como o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, em um estado como o nosso, já é um grande avanço. Acho que estamos abrindo esse caminho.
Qual é o seu estilo de liderança? E como é liderar uma instituição com predominância masculina?
Eu diria que a minha liderança é firme, mas também aberta ao diálogo. Acredito que devemos compreender nosso papel de chefia, de liderança, mas também aprender com os militares que estão ali ao longo de toda a carreira e conhecem profundamente o serviço. O trabalho do bombeiro, em qualquer área, é um trabalho feito em equipe. Precisamos saber confiar tanto nos nossos subordinados, quanto nos superiores e nos colegas, para que o serviço seja prestado da melhor forma possível e com segurança para os militares. Nessa linha de liderança, temos a responsabilidade de estar à frente, e isso requer uma postura firme, sempre dentro da legalidade.
A hierarquia ajuda também, né? Independente de ser homem ou mulher, o fato de ser uma coronel impõe uma necessidade de respeito.
Sim, com certeza. As bases das nossas instituições militares, como hierarquia e disciplina, facilitam muito e nos dão condições de exercer as funções para as quais fomos designados. Não tenho a menor dúvida de que isso é um fator que nos auxilia a ocupar esses espaços, porque temos condições iguais. A tropa, hoje em dia, não se importa se é um homem ou uma mulher, ela quer saber quem está ali para trabalhar, para estar junto, para ser essa referência. O militarismo nos ajuda muito com essas questões relacionadas à hierarquia e à disciplina.
Os bombeiros hoje têm cerca de 10% de mulheres. Recentemente, houve uma mudança nos concursos, permitindo o ingresso de mulheres na mesma quantidade que os homens. E agora, com o fim dessa limitação, a senhora está confiante de que mais mulheres vão ingressar?
Sim. É a livre concorrência, como chamamos. Não há mais uma limitação de vagas para mulheres, que agora concorrem em condições de igualdade. Estamos no primeiro concurso nesse novo modelo. Temos a expectativa de aumentar o número de mulheres participando, mas eu digo que isso será uma construção a médio e longo prazo. Isso porque ainda é uma profissão vista como predominantemente masculina.
As polícias militar e civil, assim como o Corpo de Bombeiros, estão ando por um momento de reivindicação de melhores salários, o que, acredito, deve ser um desafio para sua liderança. Como a senhora está lidando com esse momento de negociação?
A valorização da tropa é uma questão que nos é muito cara. Sabemos dos desafios, e o nosso compromisso sempre foi ter um diálogo muito aberto com o governo, levando as nossas reais necessidades. Sabemos que não é algo de fácil resolução. (...) Reconhecemos que essa questão envolve as finanças públicas do estado como um todo, mas estamos sempre buscando, de fato, a valorização da nossa tropa, pois é uma necessidade.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou recentemente que, apesar dos incêndios preocuparem, a projeção para 2025 é de menos queimadas. A senhora tem essa mesma projeção?
Sim, nossa perspectiva é de um cenário melhor do que foi em 2024, que foi um ano extremamente desafiador no que se refere a incêndios florestais. Para 2025, temos uma tendência de melhores condições climáticas, o que impacta diretamente a quantidade de queimadas. No entanto, nunca podemos deixar de reforçar o papel da ação humana. A maioria dos incêndios é causada por atitudes humanas, como os incêndios criminosos, e é fundamental que esses atos sejam denunciados cada vez mais.
O “Em Minas” é uma parceria entre a TV Alterosa, o jornal Estado de Minas e o Portal Uai. O programa vai ao ar aos sábados, a partir das 19h20, simultaneamente na televisão e no YouTube (youtube.com/portaluai). A versão online tem um terceiro bloco exclusivo.
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